COP30: países anunciam investimentos para fundo de florestas tropicais, maior iniciativa do governo brasileiro
COP30: Cúpula do Clima reúne líderes mundiais em Belém para discutir o futuro do planeta A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, e a cidade de Be...
COP30: Cúpula do Clima reúne líderes mundiais em Belém para discutir o futuro do planeta A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, e a cidade de Belém fica bem no coração da floresta. É também a região que abriga a maior diversidade de espécies do mundo. E que, a partir desta quinta-feira (6), vai atrair toda a atenção do planeta. Esta quinta-feira marca o começo da cobertura do Jornal Nacional sobre a Conferência do Clima, em Belém. Primeiro dia da Cúpula dos Líderes, evento que antecede a COP30 - que reúne chefes de Estado do mundo inteiro. Esses chefes de Estado passaram um pouco de calor nesta quinta-feira (6) em Belém. No final da tarde, choveu um pouco e, à noite, um calor agradável. Se você entrar no Pavilhão da COP, você entra na chamada "Zona Azul", que é uma área controlada pela organização das Nações Unidas, onde entram os funcionários da ONU, delegações e países e jornalistas credenciados para ver o que está acontecendo. Do outro lado, você chega na chamada "Zona Verde", que é onde está a sociedade civil, comunidades indígenas e ONGs promovendo o debate público. A equipe do Jornal Nacional passou essa quinta-feira (6) na "Zona Azul" vendo como está a conversa entre os líderes e chefes de Estado. Ainda é um pavilhão em construção. São os últimos preparos, porque a COP30 começa oficialmente só na segunda-feira (10). Mas esta quinta-feira (6), foram duas horas de tapete vermelho. Uma fila de líderes estrangeiros, chefes de delegações; 127 apertos de mãos. Todos eles foram recebidos pelo grupo paraense Arraial da Pavulagem. COP30: países anunciam investimentos para fundo de florestas tropicais, maior iniciativa do governo brasileiro Jornal Nacional/ Reprodução O que começou nesta quinta-feira (6) foi a Cúpula dos Líderes. São dois dias em que os chefes de Estado vão fazer um discurso em que contam como pensam as mudanças climáticas. Aí eles vão embora e deixam seus diplomatas, que vão sentar, discutir e decidir o que vai ser feito. O secretário-geral da ONU já chegou dizendo que chega de discussão, que agora é hora de agir. António Guterres afirmou que a dura verdade é que falhamos em garantir que o aquecimento da Terra seria mantido em menos de 1,5ºC e que isso foi uma falha moral e uma negligência mortal. Era o que todo mundo tinha combinado em outra COP - a 21, em Paris. Os países concordaram em reduzir as emissões de gás carbônico para não deixar que o planeta aquecesse mais de 1,5ºC na comparação com os níveis pré-industriais. Só que em 2024, o mundo já registrou médias de temperatura acima disso, e a ONU divulgou um relatório nesta quinta-feira (6) que mostra que, de janeiro a agosto, a média foi 1,42ºC acima. Na abertura da Cúpula, o presidente Lula defendeu que ainda é possível frear o aquecimento global: “Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma planejada e justa, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos”. O governo brasileiro, recentemente, autorizou a exploração de petróleo para fins de pesquisa na margem equatorial, próximo a Foz do Rio Amazonas. Lula já afirmou não ver contradição entre a realização da COP e o anúncio da licença pelo Ibama. O presidente também associou o combate às mudanças climáticas à luta contra a desigualdade social: “A justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza, da luta contra o racismo, da igualdade de gênero e da promoção de uma governança global mais representativa e inclusiva”. Lula, presidente do Brasil Jornal Nacional/ Reprodução Sem citar o presidente americano, Donald Trump - ausência mais sentida da COP30 -, Lula disse que o contexto geopolítico está desconectado da urgência climática: “Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e econômicas e degradação ambiental”. O presidente chileno, Gabriel Boric, criticou diretamente Donald Trump e lembrou: “O presidente dos Estados Unidos, na última Assembleia Geral da ONU, disse que a crise climática não existe. Isso é mentira”. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi ainda mais enfático. Disse que a conduta negacionista de Donald Trump está levando a sociedade americana e a humanidade para o abismo. O Príncipe William, da Inglaterra, convocou ação. Disse: "Sejamos a geração que inverte a maré, não por aplausos, mas pela gratidão silenciosa daqueles que ainda não nasceram. Esse é o nosso momento, não o desperdicemos”. Depois, o presidente Lula foi o anfitrião de um almoço com líderes e anunciou o lançamento do Fundo Florestas Tropicais Pra Sempre - na sigla em inglês, TFFF. É a grande iniciativa brasileira desta COP. A ideia é captar investimentos públicos e privados a juros reduzidos, aplicar em projetos de maior retorno, e aí o rendimento dessas aplicações - os lucros - são repartidos entre os investidores e os países que mantiverem as florestas em pé. “Os serviços ecossistêmicos que prestam para a humanidade precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas”, afirma o presidente Lula. Apenas Brasil e Indonésia tinham anunciado investimentos – US$ 1 bilhão cada. Nesta quinta-feira (6), a Noruega anunciou US$ 3 bilhões. O primeiro-ministro Jonas Gahr Støre disse que interromper o desmatamento é essencial, e que as florestas regulam o clima e sustentam a biodiversidade. O presidente Emmanuel Macron afirmou que a França vai contribuir com 500 milhões de euros para o TFFF nos próximos cinco anos. Portugal anunciou 1 milhão de euros - quantia bem menor. Lula com o Príncipe William e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer Jornal Nacional/ Reprodução Até agora, cerca de 50 países manifestaram interesse em participar. O objetivo do governo brasileiro é fazer com que esses países passem da intenção para contribuição e, assim, arrecadar US$ 25 bilhões em recursos públicos. Nesta quinta-feira (6), o presidente Lula se reuniu com o Príncipe William e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. A imprensa britânica noticiou que, por ora, os ingleses não vão participar do fundo. Do lado de fora da COP, houve protestos de grupos indígenas, e um artista fez bonecos dos líderes mundiais sentados, deitados na rede, para protestar contra quem fala muito e faz pouco. 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